- O câncer de ovário é silencioso e difícil de ser detectado precocemente, o que o torna o tipo mais letal entre os cânceres ginecológicos. Mesmo sendo o terceiro mais comum, atrás dos de colo do útero e endométrio, sua detecção tardia compromete o sucesso do tratamento.
- Essa neoplasia costuma se desenvolver sem sintomas evidentes nos estágios iniciais. Quando aparecem, os sinais são sutis e confundidos com problemas comuns, como inchaço abdominal, dor pélvica, sensação de saciedade precoce, alterações intestinais ou urinárias e sangramento vaginal anormal.
- O tratamento inclui cirurgia, quimioterapia, terapia alvo, radioterapia e, em alguns casos, imunoterapia.
- A cannabis medicinal surge como uma alternativa complementar promissora. Os compostos CBD e THC vêm sendo estudados por seus potenciais efeitos antitumorais, além de contribuírem para o alívio de sintomas como dor, náuseas, insônia e ansiedade, melhorando a qualidade de vida das pacientes.
Embora ocupe o terceiro lugar entre os tumores ginecológicos mais comuns – atrás somente dos cânceres de colo do útero e de endométrio –, a dificuldade de detecção precoce torna fundamental ampliar a conscientização sobre essa doença.
Pensando nisso, foi criado em 2013 o Dia Mundial da Conscientização sobre o Câncer de Ovário, celebrado em 8 de maio. A iniciativa surgiu da união de lideranças e organizações internacionais comprometidas com a defesa da saúde feminina, com apoio da World Ovarian Cancer Coalition e mais de 200 instituições parceiras em todo o mundo.
Qual o objetivo da campanha?
O objetivo principal dessa campanha global é dar voz à luta contra o câncer de ovário, informando e educando sobre os sinais de alerta e os principais fatores de risco associados à doença. Com mais informação, aumenta-se a chance de um diagnóstico precoce e, consequentemente, de tratamentos mais eficazes e menos agressivos.
Conhecer é prevenir. A conscientização salva vidas e é essencial para preservar a saúde e a qualidade de vida das mulheres.
O que é o câncer de ovário?
O câncer de ovário é um tumor maligno que se desenvolve nos ovários — as glândulas responsáveis pela produção dos óvulos e dos hormônios femininos.

Ao contrário do câncer de colo do útero, que pode ser detectado precocemente com o exame Papanicolaou, ainda não existe um método eficaz para identificar o câncer de ovário nos estágios iniciais.
Outro desafio é que, em muitos casos, a doença evolui de forma silenciosa, sem apresentar sintomas específicos, o que dificulta ainda mais o diagnóstico precoce e o início do tratamento.
Por que o câncer de ovário é tão difícil de diagnosticar?
Nos estágios iniciais, geralmente não há sintomas evidentes. Quando eles surgem, costumam ser vagos e facilmente confundidos com distúrbios digestivos, urinários ou ginecológicos comuns, o que acaba atrasando a busca por atendimento médico e o início do tratamento.
Além disso, não existe um exame específico e eficaz de rastreamento para detectar precocemente esse tipo de câncer, como ocorre com o Papanicolaou para o colo do útero ou a mamografia para as mamas.
Por isso, a maioria dos casos ainda é diagnosticada em estágios mais avançados, quando o tratamento é mais complexo e as chances de cura são reduzidas.
Mas isso significa que a mulher não apresenta nenhum sintoma?
Não exatamente. Embora os sintomas do câncer de ovário sejam muitas vezes discretos, existem sinais que merecem atenção, especialmente quando se tornam frequentes ou persistentes.
Estar atenta a essas manifestações pode fazer toda a diferença para um diagnóstico mais precoce e, consequentemente, para o sucesso do tratamento.
A seguir, listamos os principais sintomas que não devem ser ignorados:
- Inchaço abdominal persistente
- Dor ou desconforto abdominal e/ou pélvico
- Sensação de saciedade precoce (comer pouco e já se sentir cheia)
- Perda de apetite
- Necessidade frequente de urinar
- Alterações no funcionamento do intestino (prisão de ventre ou diarreia)
- Dor nas costas sem causa aparente
Sinais ginecológicos que também merecem atenção:
- Sangramento vaginal anormal, especialmente após a menopausa
- Dor durante a relação sexual
- Irregularidades menstruais (mais frequentes em mulheres mais jovens)
É fundamental estar atenta a mudanças persistentes no corpo e buscar avaliação profissional diante de qualquer sintoma que não melhore com o tempo.
Como é feito o diagnóstico do câncer de ovário?
O acompanhamento regular com o ginecologista é fundamental em todas as fases da vida da mulher — e esse cuidado deve ser ainda maior a partir dos 50 anos.
Entre os exames mais comuns estão:
- Ultrassonografia transvaginal
- Exames de sangue, como a dosagem do marcador tumoral CA-125
- Tomografia computadorizada ou ressonância magnética, quando necessário
É importante destacar que o Papanicolaou, embora essencial nos cuidados ginecológicos, não detecta o câncer de ovário, sendo específico para o rastreamento do câncer do colo do útero.
Existe tratamento para o câncer de ovário?
Sim, existe tratamento para o câncer de ovário. As opções terapêuticas são definidas de acordo com o estágio em que a doença é diagnosticada, o tipo específico do tumor e o estado geral de saúde da paciente.
Em geral, o tratamento é combinado e sempre personalizado para garantir maior eficácia. Confira os principais tipos:
1. Cirurgia
É frequentemente a primeira etapa do tratamento e tem como objetivo retirar o máximo possível do tumor. Dependendo da situação clínica, pode incluir:
- Remoção dos ovários e trompas (salpingo-ooforectomia);
- Remoção do útero (histerectomia);
- Remoção de linfonodos e outros tecidos próximos que possam estar afetados pela doença.
2. Quimioterapia
Utiliza medicamentos específicos para combater as células cancerosas. A quimioterapia pode ser indicada antes da cirurgia, com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor (chamada neoadjuvante), ou após a operação, para eliminar células tumorais que possam ter permanecido no organismo (adjuvante).
3. Terapia alvo
Consiste no uso de medicamentos que agem diretamente sobre moléculas específicas envolvidas no crescimento das células tumorais. Um exemplo é a utilização de drogas que bloqueiam a formação de novos vasos sanguíneos que alimentam o câncer, limitando sua expansão.
4. Radioterapia
Embora menos comum para tratar o câncer de ovário, pode ser indicada em casos específicos para aliviar sintomas ou atingir áreas do corpo onde o tumor não pôde ser totalmente removido durante a cirurgia.
5. Imunoterapia
Ainda considerada experimental no tratamento do câncer de ovário, a imunoterapia já tem mostrado resultados promissores em pesquisas recentes. Essa abordagem estimula o próprio sistema imunológico da paciente a reconhecer e combater as células cancerosas.
Novas terapias e medicamentos que ampliam as possibilidades de tratamento
Nos últimos anos, avanços importantes trouxeram novas esperanças às pacientes diagnosticadas com câncer de ovário, especialmente nos estágios mais avançados (III e IV) ou em casos onde a doença voltou após tratamentos iniciais.
Um destaque entre esses avanços são os medicamentos chamados "inibidores de PARP". Trata-se de uma classe de medicamentos orais que atuam diretamente nas células cancerosas, especialmente naquelas com deficiência na capacidade de reparar o próprio DNA. Em termos simples, esses medicamentos funcionam como uma espécie de "quimioterapia em comprimidos". Estudos têm mostrado que eles são eficazes não apenas para controlar o crescimento do câncer, mas também para prolongar a sobrevida das pacientes.
No entanto, é importante mencionar que, até o momento, os inibidores de PARP ainda não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e também não são obrigatoriamente cobertos pelos planos de saúde privados, conforme regulamentado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Novas perspectivas: CBD e THC em terapias complementares no tratamento antitumoral
Além das terapias tradicionais, a ciência tem explorado alternativas promissoras para complementar o tratamento do câncer. Uma das áreas de maior interesse atualmente é o uso medicinal da cannabis, especialmente os compostos CBD (canabidiol) e THC (tetraidrocanabinol).
Estes compostos ativos vêm sendo estudados devido às suas possíveis propriedades antitumorais. Pesquisas pré-clínicas têm mostrado resultados animadores, indicando que o CBD e o THC podem ajudar a reduzir o crescimento de células cancerosas, induzir a morte dessas células (processo conhecido como apoptose) e impedir a formação de novos vasos sanguíneos que alimentam os tumores.
Como o CBD e o THC podem ajudar no tratamento e na qualidade de vida das pacientes
O CBD e o THC são compostos naturais extraídos da cannabis, cada um com propriedades terapêuticas únicas. O CBD é conhecido principalmente por suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e ansiolíticas, ajudando a aliviar sintomas como dor, ansiedade e insônia frequentemente experimentados por pacientes com câncer.
Já o THC, além de seu efeito potencialmente antitumoral, pode reduzir significativamente sintomas como náuseas e vômitos causados pela quimioterapia, melhorar o apetite e promover o relaxamento muscular. Isso contribui diretamente para uma melhor qualidade de vida das pacientes, ajudando-as a enfrentar os desafios físicos e emocionais do tratamento.
Essas descobertas abrem caminho para o desenvolvimento de terapias complementares mais integradas e eficazes, oferecendo novas possibilidades para pacientes que buscam alternativas seguras e com menos efeitos colaterais.
Considerações finais
O câncer de ovário, por sua natureza silenciosa e de difícil detecção precoce, ainda representa um grande desafio para a saúde das mulheres. No entanto, a informação é uma poderosa aliada: conhecer os fatores de risco, estar atenta aos sinais do corpo e manter o acompanhamento ginecológico regular são atitudes fundamentais para aumentar as chances de um diagnóstico precoce e um tratamento bem-sucedido.
Ao mesmo tempo em que os avanços científicos têm proporcionado novas opções de tratamento — como os inibidores de PARP e as abordagens com cannabis medicinal —, é essencial que essas inovações estejam cada vez mais acessíveis à população. Isso depende não apenas da ciência, mas também do engajamento social e político em defesa da saúde feminina.
Mais do que um alerta, este artigo é um convite à conscientização, ao cuidado e à empatia. Cuidar da saúde é um ato de amor-próprio e de responsabilidade. Falar sobre o câncer de ovário é dar voz a milhares de mulheres que enfrentam essa jornada e lembrar que, com informação, apoio e acesso ao diagnóstico precoce, é possível transformar a realidade dessa doença.
Este conteúdo tem finalidade educativa e não substitui a avaliação médica. Em caso de dúvidas ou sintomas persistentes, procure um profissional de saúde.

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O que é câncer de ovário e por que ele é tão perigoso?
O câncer de ovário é um tumor maligno que se desenvolve nos ovários, órgãos responsáveis pela produção dos óvulos e hormônios femininos. Ele é considerado perigoso porque, na maioria dos casos, é diagnosticado em estágios avançados, devido à ausência de sintomas específicos nos estágios iniciais e à falta de exames de rastreamento eficazes.
Quais são os primeiros sintomas do câncer de ovário?
Os primeiros sintomas do câncer de ovário podem ser vagos e facilmente confundidos com outras condições. Entre os sinais mais comuns estão: inchaço abdominal persistente, dor pélvica ou abdominal, sensação de saciedade precoce, alterações intestinais, vontade frequente de urinar, dor lombar e sangramento vaginal anormal.
Existe exame preventivo para câncer de ovário?
Atualmente, não existe um exame específico de rastreamento precoce para o câncer de ovário, como o Papanicolaou para o câncer de colo do útero. O diagnóstico geralmente envolve ultrassonografia transvaginal, exames de sangue (como o marcador CA-125) e exames de imagem, como tomografia ou ressonância magnética, especialmente em casos suspeitos.
Qual é o tratamento mais comum para câncer de ovário?
O tratamento para câncer de ovário costuma ser combinado e inclui cirurgia para remoção do tumor, quimioterapia, terapia alvo, e em alguns casos, radioterapia ou imunoterapia. A escolha do tratamento depende do estágio da doença, do tipo de tumor e das condições clínicas da paciente.
O que são os inibidores de PARP e como eles atuam?
Inibidores de PARP são medicamentos orais que atuam bloqueando enzimas responsáveis pelo reparo do DNA em células cancerosas. Ao impedir esse reparo, essas células se tornam mais vulneráveis e acabam morrendo. Eles têm se mostrado eficazes em controlar o câncer de ovário, especialmente em pacientes com mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2.
Como a cannabis medicinal pode ajudar no tratamento do câncer de ovário?
A cannabis medicinal, por meio dos compostos CBD (canabidiol) e THC (tetraidrocanabinol), pode atuar de forma complementar no tratamento do câncer de ovário. Esses canabinoides apresentam propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e ansiolíticas, além de potenciais efeitos antitumorais. Também ajudam a aliviar efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, dor, insônia e perda de apetite.
O uso de cannabis medicinal é legal no Brasil?
Sim, o uso de cannabis medicinal é permitido no Brasil mediante prescrição médica. Os produtos devem ser autorizados pela Anvisa e podem ser adquiridos por meio de importação ou farmácias autorizadas. É fundamental que o tratamento seja acompanhado por um profissional da saúde.
A cannabis medicinal substitui os tratamentos tradicionais contra o câncer?
Não. A cannabis medicinal é considerada uma terapia complementar, ou seja, ela não substitui a cirurgia, a quimioterapia ou outros tratamentos convencionais. Seu papel é auxiliar no controle dos sintomas e melhorar a qualidade de vida das pacientes durante o tratamento.
Quando devo procurar um médico?
Toda mulher deve procurar um ginecologista regularmente, especialmente ao notar sintomas persistentes como dor abdominal, alterações menstruais, inchaço ou sangramento anormal. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores são as chances de tratamento eficaz e cura.