- O canabidiol tem ação neuroprotetora, reduzindo a morte de neurônios, estresse oxidativo e inflamação cerebral após o AVC. Estudos com animais mostram melhora na recuperação funcional e preservação de tecidos cerebrais.
- Pacientes com AVC frequentemente enfrentam dor crônica e rigidez muscular. A cannabis medicinal, especialmente a combinação de CBD e THC, pode aliviar esses sintomas, melhorando o conforto físico e a mobilidade.
- Transtornos emocionais são comuns no pós-AVC. O CBD atua em receptores que regulam o humor, ajudando a reduzir sintomas de ansiedade e depressão, favorecendo o bem-estar emocional durante a reabilitação.
- A cannabis medicinal, especialmente o CBD, pode favorecer a reorganização e formação de novas conexões no cérebro, processo essencial na recuperação de funções após o AVC.
Como a cannabis medicinal pode ajudar na recuperação pós-AVC?
1. Efeito neuroprotetor
O canabidiol (CBD) tem demonstrado propriedades neuroprotetoras em estudos pré-clínicos, o que o torna um potencial aliado na reabilitação de pacientes que sofreram AVC. Sua ação ocorre principalmente pela redução da morte neuronal, do estresse oxidativo e da neuroinflamação — processos que estão fortemente associados aos danos cerebrais causados pela isquemia.
Em modelos animais de isquemia cerebral, o CBD foi capaz de diminuir a extensão da área de infarto, preservar tecidos neurais e favorecer a recuperação funcional. Esses efeitos foram observados no estudo "Cannabidiol reduces neuroinflammation and promotes neuroplasticity and functional recovery after brain ischemia", que demonstrou não apenas a ação anti-inflamatória do CBD, mas também sua capacidade de modular mecanismos celulares envolvidos na regeneração neural.
Tais evidências indicam que o CBD pode exercer um papel adjuvante importante na proteção e recuperação do tecido cerebral após um AVC, embora mais estudos clínicos sejam necessários para validar seu uso em protocolos terapêuticos humanos.
2. Melhora da dor e da espasticidade
Após um AVC, é comum que os pacientes desenvolvam espasticidade — uma rigidez muscular que limita movimentos — além de dor crônica decorrente da lesão neurológica.
Estudos indicam que a cannabis medicinal, especialmente em formulações que combinam CBD e THC, pode ajudar a aliviar a espasticidade e a dor associada, promovendo maior conforto físico e contribuindo para a qualidade de vida durante a reabilitação. Um exemplo é o estudo Cannabinoid Effect and Safety in Spasticity Following Stroke, que demonstrou redução significativa da rigidez muscular com boa tolerância ao tratamento.
3. Redução da ansiedade e da depressão
Após um AVC, é comum que os pacientes enfrentem transtornos emocionais, como ansiedade, depressão e distúrbios do sono, que impactam diretamente a qualidade de vida e dificultam o processo de reabilitação.
O canabidiol (CBD) tem demonstrado efeitos ansiolíticos e antidepressivos em diversos estudos, podendo atuar como um adjuvante no equilíbrio emocional desses pacientes. Sua ação está relacionada à modulação dos receptores serotoninérgicos (5-HT1A), envolvidos na regulação do humor e do estresse.
Uma revisão publicada no Journal of Clinical Psychology, intitulada “Cannabidiol as a Potential Treatment for Anxiety and Mood Disorders” (Blessing et al., 2015), reforça esse potencial ao demonstrar que o CBD foi eficaz na redução da ansiedade social, do estresse pós-traumático e de sintomas depressivos em estudos pré-clínicos e em humanos, com boa tolerabilidade.
Esses achados indicam que o CBD pode ser uma ferramenta útil para amenizar o sofrimento psicoemocional em pacientes no período de reabilitação pós-AVC, contribuindo para uma recuperação mais equilibrada e humanizada.
4. Melhora do sonoDistúrbios do sono são comuns após um AVC e podem impactar negativamente a recuperação neurológica, comprometendo a memória, o humor, a concentração e a plasticidade cerebral — todos fundamentais no processo de reabilitação.
O canabidiol (CBD) tem se mostrado eficaz na regulação do sono, especialmente por sua atuação na redução da ansiedade e na modulação do ciclo sono-vigília. Ele contribui para um estado de relaxamento que favorece o início e a manutenção do sono, sem os efeitos colaterais frequentemente associados a medicamentos sedativos convencionais.
Um estudo publicado no Permanente Journal (Babson et al., 2017) intitulado "Cannabis, Cannabinoids, and Sleep: A Review of the Literature" destacou que o CBD pode melhorar a qualidade do sono em indivíduos com distúrbios relacionados à dor crônica, ansiedade e condições neurológicas — contextos que se aproximam dos desafios enfrentados por pacientes no período pós-AVC.
Essas evidências sugerem que o CBD pode ser um aliado relevante na melhora do sono, o que, por sua vez, favorece a regeneração cerebral e o bem-estar geral ao longo da reabilitação.
5. Apoio à plasticidade cerebral
Pesquisas pré-clínicas sugerem que a cannabis medicinal, especialmente o canabidiol (CBD), pode favorecer a recuperação funcional do cérebro após um AVC, ao estimular mecanismos relacionados à plasticidade neural — a capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões após uma lesão.
Uma revisão intitulada “Revisão integrativa sobre o papel do BDNF e do canabidiol na neuroplasticidade” demonstrou que o CBD apresenta propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias, com potencial de reduzir a área de infarto cerebral e melhorar a recuperação neurológica. Estudos com modelos animais reforçam esses achados, indicando que o CBD pode atuar positivamente na neurogênese (formação de novos neurônios) e na modulação de fatores relacionados à regeneração cerebral.
Efeitos colaterais da cannabis medicinal na recuperação pós-AVC
Embora a cannabis medicinal, especialmente o canabidiol (CBD), apresente efeitos promissores na reabilitação de pacientes após o AVC, é essencial considerar os possíveis efeitos colaterais e as situações em que seu uso pode ser contraindicado.
A seguir, destacamos os principais pontos de atenção para um uso seguro e responsável da cannabis medicinal nesse contexto.
O CBD, por ser um composto não psicoativo, costuma ter um perfil de segurança elevado, mas ainda assim pode causar reações em alguns pacientes. Já o THC, por ter efeito psicoativo, exige mais cautela, especialmente em pessoas com histórico de vulnerabilidade neurológica.
Entre os efeitos colaterais mais relatados estão:
- Sonolência ou sedação excessiva
- Tontura ou queda de pressão
- Boca seca
- Alterações no apetite
- Diarreia leve (em altas doses de CBD)
- Fadiga
- Dificuldade de concentração (especialmente em formulações com THC)
Esses efeitos geralmente são transitórios e dose-dependentes, ou seja, tendem a desaparecer com ajustes na dosagem ou na formulação.
Contraindicações e cuidados específicos
Embora seus benefícios sejam promissores, existem situações em que o uso exige atenção redobrada ou pode ser contraindicado.
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Fase aguda do AVC: A cannabis não deve ser utilizada nas primeiras horas ou dias após o evento vascular, pois pode interferir em parâmetros críticos como pressão arterial, frequência cardíaca e perfusão cerebral, o que pode agravar o quadro clínico.
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Histórico de psicose ou transtornos psiquiátricos graves: Em pacientes com histórico de esquizofrenia, surtos psicóticos ou transtornos de ansiedade intensos, o uso de compostos com THC pode desencadear ou agravar sintomas psiquiátricos, sendo desaconselhado nesses casos.
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Uso concomitante de anticoagulantes: O CBD pode interagir com medicamentos anticoagulantes potencializando ou inibindo seus efeitos. Nessas situações, é fundamental que o médico avalie e ajuste as doses, além de monitorar exames laboratoriais com frequência.
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Doença hepática grave: Como o metabolismo do CBD ocorre principalmente no fígado, pacientes com comprometimento hepático importante devem ser acompanhados com maior rigor, evitando riscos de acúmulo da substância ou efeitos adversos.
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Gravidez e lactação: Ainda não há evidências suficientes sobre a segurança do uso da cannabis medicinal durante a gestação ou amamentação. Por precaução, a utilização nesse período é desaconselhada, salvo em situações excepcionais e com rigorosa supervisão médica.
Importância do acompanhamento profissional
Apesar dos benefícios potenciais, a cannabis medicinal não é isenta de riscos e não substitui os tratamentos convencionais. Ela deve ser considerada como uma terapia complementar, com prescrição individualizada, respeitando o tipo de AVC, os sintomas predominantes e os objetivos terapêuticos.
A avaliação contínua da eficácia e da tolerabilidade é essencial para garantir segurança, especialmente em pacientes neurológicos, que muitas vezes utilizam múltiplos medicamentos (polifarmácia).
Considerações finais
A cannabis medicinal, especialmente por meio do canabidiol (CBD), tem se mostrado uma aliada promissora na reabilitação de pacientes após um AVC. Seus efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios apontam para um potencial terapêutico relevante, embora seu uso ainda seja considerado complementar, e não substitutivo aos tratamentos neurológicos convencionais.
É importante destacar que, por envolver possíveis efeitos colaterais e contraindicações — sobretudo em pacientes com comorbidades, uso de anticoagulantes ou histórico psiquiátrico —, seu uso deve ser criterioso, sempre individualizado e orientado por profissionais qualificados.
Com o avanço das pesquisas, cresce a expectativa de que a cannabis medicinal se consolide como parte integrante do cuidado multidisciplinar, oferecendo mais qualidade de vida e melhores perspectivas de recuperação para quem enfrenta as consequências de um AVC.

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Click Cannabis: Dúvidas frequentes
A cannabis medicinal pode ajudar na recuperação de um AVC?
Sim. Estudos indicam que a cannabis medicinal, especialmente o canabidiol (CBD), pode auxiliar na recuperação pós-AVC por seus efeitos neuroprotetores, anti-inflamatórios e na promoção da plasticidade cerebral.
Quais os principais benefícios da cannabis medicinal após um AVC?
Os principais benefícios incluem a redução de danos cerebrais, alívio da dor e espasticidade, melhora do sono, diminuição da ansiedade e depressão, e estímulo à reorganização neural.
O que o CBD faz no cérebro após um AVC?
O CBD reduz a morte de neurônios, combate a inflamação cerebral e favorece a regeneração neural. Isso pode contribuir para uma recuperação mais rápida e eficaz.
A cannabis ajuda na dor e espasticidade pós-AVC?
Sim. Formulações com CBD e THC têm mostrado eficácia no alívio da rigidez muscular (espasticidade) e da dor crônica, comuns após o AVC.
Cannabis medicinal é segura para pacientes com AVC?
Em geral, o CBD tem bom perfil de segurança. No entanto, o uso deve ser feito com acompanhamento médico, considerando possíveis efeitos colaterais e contraindicações.
Quais são os efeitos colaterais da cannabis medicinal no pós-AVC?
Os efeitos mais comuns incluem sonolência, tontura, boca seca, alterações no apetite, fadiga e dificuldade de concentração — especialmente em formulações com THC.
A cannabis medicinal pode ser usada logo após um AVC?
Não. O uso na fase aguda do AVC é contraindicado, pois pode interferir em funções vitais como pressão arterial e circulação cerebral.
Quem não deve usar cannabis medicinal após um AVC?
Pessoas em fase aguda do AVC, com histórico de psicose, usando anticoagulantes, com doença hepática grave, grávidas ou lactantes devem evitar o uso ou consultar um médico antes.