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07/02/2025
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9 min de leitura
CBDCBD

Fevereiro Roxo e Laranja: Como o CBD pode auxiliar no tratamento de doenças neurodegenerativas e oncológicas

Textura de madeira com faixas laranja e roxas simbolizando a campanha Fevereiro Roxo e Laranja.

No calendário da saúde, cada mês do ano é associado a uma cor específica para promover a conscientização sobre doenças e incentivar a adoção de medidas preventivas e políticas públicas eficazes. Fevereiro é representado por duas cores: o roxo e o laranja.

Se não houver cura, que ao menos haja conforto

O Fevereiro Roxo foi criado para conscientizar sobre lúpus, fibromialgia e Alzheimer, três patologias crônicas e, até o momento, incuráveis. O movimento surgiu em 2014, na cidade de Uberlândia (MG), e se espalhou por todo o Brasil. Seu lema, “Se não houver cura, que ao menos haja conforto”, resume o propósito de lembrar que, mesmo sem cura definitiva, há diversos recursos que podem melhorar o dia a dia do paciente.

Além dos tratamentos convencionais, o suporte emocional e o acompanhamento contínuo são determinantes para manter a qualidade de vida em níveis satisfatórios. Entender o que cada doença representa também ajuda a sociedade a oferecer suporte e a combater estigmas.

Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)

O LES é uma doença autoimune caracterizada por inflamação crônica em vários órgãos e tecidos. O sistema imunológico “se confunde” e passa a atacar o próprio organismo, o que desencadeia sintomas como fadiga intensa, dor articular, lesões na pele e alterações no funcionamento de órgãos vitais, como rins e coração. Por ser imprevisível, o LES demanda monitoramento constante e, muitas vezes, adaptações no estilo de vida.

Fibromialgia

A fibromialgia é marcada por uma dor musculoesquelética generalizada que se manifesta em pontos sensíveis do corpo, frequentemente acompanhada de fadiga, distúrbios do sono e transtornos emocionais. Embora suas causas ainda não sejam completamente esclarecidas, existem evidências de que alterações nos neurotransmissores e nos caminhos de processamento da dor no cérebro contribuam para o quadro.

Doença de Alzheimer

A Doença de Alzheimer é um tipo de demência que afeta principalmente a população idosa, levando a perda progressiva da memória, da linguagem e de outras funções cognitivas fundamentais. Além disso, alterações comportamentais e de humor são comuns, tornando o cuidado diário cada vez mais complexo, tanto para o paciente quanto para seus familiares e cuidadores.

Benefícios do uso de canabidiol para tratar dores crônicas

Estudos recentes indicam que o canabidiol (CBD), um composto presente na Cannabis sativa, pode auxiliar no controle dos sintomas de doenças crônicas como Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), Doença de Alzheimer e Fibromialgia.

Embora essas condições não tenham cura definitiva, abordagens multidisciplinares ajudam a controlar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

No caso do LES, o CBD apresenta propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras, podendo atuar na redução da inflamação e da resposta autoimune desregulada.

Já na Doença de Alzheimer, a utilização da cannabis medicinal surge como uma alternativa promissora devido às suas propriedades neuroprotetoras, antioxidantes e anti-inflamatórias. Estudos recentes indicam benefícios na modulação de processos fisiopatológicos associados à neurodegeneração, como a redução de inflamações, a diminuição dos depósitos de beta-amiloide e a proteção contra a excitotoxicidade neuronal.

O avanço das pesquisas sobre os canabinoides amplia as perspectivas terapêuticas para essas doenças, oferecendo novas possibilidades de tratamento e alívio dos sintomas.

O que a ciência diz sobre a cannabis medicinal para o tratamento de doenças crônicas?

A ciência tem investigado com afinco o papel do sistema endocanabinoide e dos compostos derivados da Cannabis sativa em doenças autoimunes e neurodegenerativas. A seguir, destacamos alguns estudos que embasam os benefícios potenciais do CBD e de outros canabinoides.

Investigando o papel do sistema endocanabinoide no Lúpus

Um estudo intitulado "Endocannabinoid system in systemic lupus erythematosus: First evidence for a deranged 2-arachidonoylglycerol metabolism" analisou o 2-aracdonilglicerol (2-AG), um endocanabinoide fundamental para regular processos imunológicos e inflamatórios no organismo. Os resultados mostraram um desequilíbrio nesse metabolismo em pacientes com lúpus, sugerindo que o sistema endocanabinoide tem papel crucial na inflamação crônica e na resposta autoimune.

Essa descoberta reforça a hipótese de que terapias baseadas em canabinoides podem modular o sistema imunológico e se tornar novas abordagens para o controle dos sintomas do lúpus. Ao atuar na inflamação e na forma como o corpo percebe a dor, o CBD tem sido apontado como recurso complementar a outros tratamentos.

Canabinoides e a regulação da resposta imunológica

No artigo "Cannabinoids drive Th17 cell differentiation in patients with rheumatic autoimmune diseases" , publicado na revista Cellular & Molecular Immunology, pesquisadores examinaram a influência dos canabinoides na diferenciação de células Th17, que desempenham papel importante em diversas doenças autoimunes, incluindo artrite reumatoide, lúpus e artrite psoriática.

Foi observado que o canabidiol (CBD) e a anandamida (AEA) podem interferir na via de sinalização que promove a inflamação, o que sugere um potencial terapêutico para modular reações imunológicas desajustadas. Em outras palavras, os canabinoides poderiam frear o processo inflamatório que agrava essas doenças, mostrando-se uma estratégia promissora para reduzir danos em tecidos e órgãos afetados.

CBD na Doença de Alzheimer

Uma revisão intitulada "Uso Terapêutico da Cannabis na Doença de Alzheimer: Uma Revisão Integrativa" reuniu estudos que investigaram como compostos da Cannabis sativa impactam processos neurodegenerativos. As principais descobertas apontam para uma ação neuroprotetora, que abrange desde a redução da inflamação no cérebro até a diminuição dos famosos “depósitos” de beta-amiloide, conhecidos por acelerar a morte de células neuronais.

Além disso, o CBD e o THC demonstraram atividade antioxidante, combatendo o estresse oxidativo, apontado como um dos fatores que aceleram a progressão do Alzheimer. Embora seja necessário avançar em pesquisas clínicas de larga escala para confirmar esses achados, há fortes indícios de que a cannabis medicinal pode, no mínimo, retardar o declínio cognitivo e melhorar o bem-estar do paciente.

Fibromialgia e cannabis medicinal

Outra área em que os efeitos do CBD vêm sendo estudados é a fibromialgia. Uma revisão sistemática de 2020 no Pain Physician Journal encontrou indícios de que o canabidiol pode reduzir a dor, melhorar a qualidade do sono e aliviar a ansiedade em pacientes com fibromialgia. Esses sintomas figuram entre as principais queixas das pessoas que vivem com essa síndrome.

Já em "Cannabis medicinal na fibromialgia: um estudo de coorte para uma alternativa promissora" (5), publicado em 2021, pesquisadores avaliaram os efeitos de canabinoides fitoterápicos em diferentes vias de administração, observando:

Embora alguns participantes tenham relatado efeitos adversos leves, todos foram resolvidos no primeiro mês, reforçando a viabilidade do CBD como opção terapêutica de suporte.

Fevereiro Laranja: A cannabis medicinal no tratamento da leucemia

Enquanto o roxo faz alusão às doenças crônicas, o Fevereiro Laranja foca na leucemia, tipo de câncer que afeta a medula óssea e o sistema linfático. A leucemia pode ser mieloide ou linfocítica, e cada classificação se divide em aguda ou crônica, variando em agressividade e prognóstico.

Nessa esfera, a cannabis medicinal também apresenta potencial significativo. Um estudo chamado "Anticancer effects of phytocannabinoids used with chemotherapy in leukaemia cells can be improved by altering the sequence of their administration" (6) revelou que determinados canabinoides podem ter efeito sinérgico quando usados em conjunto com fármacos quimioterápicos como a citarabina e a vincristina. A sequência de administração foi determinante para aumentar a apoptose (morte celular programada) das células tumorais, tornando o tratamento mais eficaz.

CBD para reduzir efeitos colaterais da quimioterapia

Além do potencial efeito antitumoral, o canabidiol se destaca por aliviar sintomas como náuseas, vômitos e dor, comumente associados à quimioterapia. Isso acontece porque o CBD apresenta ação anti-inflamatória e ansiolítica, contribuindo para uma maior estabilidade emocional e para o retorno do apetite, aspectos fundamentais em pacientes com câncer.

Apesar de o CBD não representar uma cura definitiva para a leucemia ou outras neoplasias, ele pode oferecer um cuidado complementar que melhora o enfrentamento do tratamento tradicional, ampliando o bem-estar físico e mental em um período naturalmente delicado.

Conclusões e perspectivas futuras

A cannabis medicinal surge como uma alternativa promissora no tratamento do lúpus, fibromialgia, Alzheimer e leucemia, devido às propriedades neuroprotetoras, antioxidantes e anti-inflamatórias de seus principais compostos, como o CBD e o THC.

Apesar das evidências encorajadoras, ainda há desafios a serem superados, como a padronização de doses, o desenvolvimento de formas seguras de administração e a necessidade de mais estudos clínicos em larga escala para confirmar a eficácia e segurança desses tratamentos.

O avanço na pesquisa sobre os mecanismos de ação dos canabinoides e o desenvolvimento de novas terapias podem transformar significativamente o manejo dessas doenças e de outras condições debilitantes, promovendo melhor qualidade de vida para pacientes e cuidadores.

A integração da cannabis medicinal às abordagens terapêuticas convencionais representa, assim, uma perspectiva inovadora e promissora no tratamento das doenças neurodegenerativas.

Click Cannabis: Dúvidas frequentes

O que significa Fevereiro Roxo e Laranja na saúde?

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Fevereiro Roxo é um movimento de conscientização sobre Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer, enquanto Fevereiro Laranja alerta para a leucemia e incentiva a doação de medula óssea.

Como o canabidiol pode ajudar no tratamento do Lúpus?

Mais

O CBD apresenta propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras que podem reduzir a resposta autoimune desregulada no Lúpus, ajudando no controle da dor e da inflamação.

O CBD pode melhorar os sintomas da Fibromialgia?

Mais

Sim. Pesquisas indicam que o canabidiol pode reduzir a dor crônica, melhorar a qualidade do sono e aliviar sintomas como ansiedade e fadiga em pacientes com Fibromialgia.

A cannabis medicinal pode ajudar no tratamento do Alzheimer?

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Estudos sugerem que o CBD pode atuar como neuroprotetor, reduzindo a inflamação no cérebro e minimizando a degeneração das células nervosas, ajudando a retardar o avanço da doença.

O canabidiol pode ser usado no tratamento do câncer, como a leucemia?

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O CBD pode auxiliar no controle de sintomas como náuseas, dor e perda de apetite durante o tratamento do câncer. Além disso, estudos indicam um potencial efeito sinérgico com quimioterápicos.

É possível obter uma prescrição de cannabis medicinal no Brasil?

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Sim. O paciente precisa passar por uma consulta médica, obter a prescrição e solicitar autorização da Anvisa para importar ou comprar produtos à base de cannabis.

Quais os efeitos colaterais do uso de CBD?

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O uso de CBD pode causar efeitos leves, como sonolência, boca seca e mudanças no apetite. No entanto, a maioria dos pacientes relata boa tolerância à substância.

O CBD substitui tratamentos convencionais para doenças neurodegenerativas e oncológicas?

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Não. O CBD é um complemento terapêutico que pode aliviar sintomas e melhorar a qualidade de vida, mas não substitui tratamentos convencionais prescritos por médicos.

Referência

1."Endocannabinoid system in systemic lupus erythematosus: First evidence for a deranged 2-arachidonoylglycerol metabolism", publicado na revista International Journal of Biochemistry & Cell Biology (Int J Biochem Cell Biol), edição de 2018, volume 99, páginas 161-168, em 12 de abril de 2018.

2. "Cannabinoids drive Th17 cell differentiation in patients with rheumatic autoimmune diseases", publicado na revista Cellular & Molecular Immunology em 28 de abril de 2020 (correspondência em 2021, Volume 18, páginas 764-766),

3. "Uso Terapêutico da Cannabis na Doença de Alzheimer: Uma Revisão Integrativa" foi publicado na Revista Interdisciplinar em Saúde, de Cajazeiras, no volume 9, edição única, páginas 1002-1014, no ano de 2022.

4. BERGER, Amnon A. et al. Cannabis and cannabidiol (CBD) for the treatment of fibromyalgia. Best Practice & Research Clinical Anaesthesiology, [S.l.], v. 34, n. 3, p. 617-631, set. 2020. DOI: 10.1016/j.bpa.2020.08.010.

5. SILVA, Larissa Mendes da et al. Cannabis medicinal na fibromialgia: um estudo de coorte para uma alternativa promissora. Revista Neurociências, v. 31, p. 1-17, ago. 2023. DOI: 10.34024/rnc.2023.v31.14897.

6. Scott, K. A., Dalgleish, A. G., & Liu, W. M. (2017). Anticancer effects of phytocannabinoids used with chemotherapy in leukaemia cells can be improved by altering the sequence of their administration. International Journal of Oncology, 51(1), 369–377.

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