- Cannabis medicinal reúne CBD e THC, que possuem propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e ansiolíticas.
- É eficaz em doenças neurológicas e psiquiátricas, como epilepsia, Parkinson, Alzheimer, autismo, ansiedade e depressão.
- Alivia condições crônicas e autoimunes, incluindo fibromialgia, artrite, lúpus, SII, doença de Crohn e enxaqueca.
- Melhora distúrbios do sono e glaucoma, com uso supervisionado para minimizar efeitos colaterais.
Desde 2015, quando a terapia com produtos à base de cannabis passou a ser permitida no Brasil por meio de uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que autorizou a importação individual, o número de pessoas interessadas só cresce.
Em 2019, a pesquisa do DataSenado mostra que a maioria dos brasileiros já sabia que a cannabis pode ser utilizada para fins medicinais. Segundo os dados, 87% dos entrevistados afirmaram ter conhecimento de que substâncias retiradas da planta da maconha podem ser empregadas em medicamentos para o tratamento de diversas doenças.
Cada vez mais, o potencial terapêutico da cannabis medicinal tem ganhado destaque, impulsionado pelo avanço das pesquisas científicas que evidenciam a eficácia da planta no tratamento de várias condições de saúde.
Confira a seguir quais doenças podem ser tratadas com a cannabis medicinal. Listamos 20 doenças ou condições de saúde que podem ter seus sintomas aliviados com o uso de produtos desenvolvidos à base da planta. Confira:
1. Doenças neurológicas e psiquiátricas
As doenças neurológicas são distúrbios que afetam diretamente o sistema nervoso central — que inclui o cérebro e a medula espinhal — e o sistema nervoso periférico, composto pelos nervos e músculos. Essas condições geralmente têm causas orgânicas, estruturais ou funcionais, como inflamações, lesões, degenerações ou disfunções químicas.
Já as doenças psiquiátricas são transtornos que afetam o funcionamento mental e emocional, interferindo em aspectos como o humor, o comportamento, a percepção da realidade e o pensamento. Essas condições nem sempre apresentam uma causa orgânica visível, embora possam estar associadas a desequilíbrios neuroquímicos ou predisposições genéticas.
- Epilepsia Refratária (CBD): O canabidiol (CBD) pode ajudar a reduzir a frequência e a intensidade das crises convulsivas, sendo uma das principais indicações formais em casos de epilepsias de difícil controle.
- Esclerose Múltipla (THC): Auxilia na redução da dor neuropática, espasticidade (rigidez muscular) e fadiga. Melhora a qualidade de vida ao aliviar a tensão nos músculos e diminuir movimentos involuntários.
- Mal de Parkinson (CBD): Pode ajudar a melhorar tremores, rigidez muscular e distúrbios do sono, contribuindo para maior conforto e bem-estar dos pacientes.
- Alzheimer (CBD) Estudos apontam potencial neuroprotetor, redução de gliose reativa e de processos neuroinflamatórios. Também há indícios de benefícios comportamentais e redução de déficits cognitivos.
- Autismo/TEA (THC + CBD): Pode ajudar no controle da ansiedade, agitação e hiperatividade, além de melhorar a qualidade do sono e a interação social.
- Esquizofrenia (CBD): O uso de CBD demonstra potencial para auxiliar no controle de sintomas psicóticos, mas com menos efeitos adversos em comparação aos antipsicóticos tradicionais.
- Ansiedade (CBD): Apresenta propriedades ansiolíticas, reduzindo os sintomas de estresse, geralmente sem causar sedação excessiva.
- Depressão (CBD): Há evidências de possível ação antidepressiva pela regulação de neurotransmissores, como serotonina, contribuindo para a melhora do humor.
- Transtorno do estresse pós-traumático (CBD): Pode diminuir flashbacks, insônia, hiperatividade emocional e melhorar a qualidade do sono.
- Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (CBD): Pode melhorar a concentração e reduzir a impulsividade, auxiliando no desempenho em atividades diárias.
2. Doenças crônicas e autoimunes
- Fibromialgia (CBD) Contribui para o controle da dor crônica e melhora significativa da qualidade do sono.
- Artrite Reumatoide (CBD) Efeito anti-inflamatório que reduz dores articulares e a inflamação, promovendo alívio contínuo dos sintomas.
- Lúpus (CBD) A ação anti-inflamatória e analgésica ajuda a aliviar dores e a controlar inflamações sistêmicas típicas da doença.
- Síndrome do Intestino Irritável (SII) (CBD) Pode melhorar a regulação do trato gastrointestinal, reduzir inflamações e promover alívio de cólicas e desconfortos.
- Doença de Crohn (CBD) Auxilia na diminuição das inflamações intestinais, reduzindo dores e desconfortos, favorecendo uma melhor qualidade de vida.
3. Condições relacionadas à dor e inflamação
- Dor Crônica (THC e CBD) A ação analgésica e anti-inflamatória pode beneficiar quem sofre de dores intensas e de longa duração, incluindo dores neuropáticas e musculares.
- Enxaqueca (THC e CBD) Há relatos de diminuição da frequência e intensidade das crises, contribuindo para a melhora de quem sofre de migrâneas recorrentes.
- Câncer (THC e CBD) A cannabis medicinal não trata o câncer em si, mas auxilia no alívio da dor, controle de náuseas e melhora do apetite durante quimioterapia e radioterapia, aumentando o bem-estar do paciente.
- Espasticidade Muscular (THC) Melhora a rigidez e os movimentos musculares involuntários em pacientes com esclerose múltipla e lesões na medula espinhal.
- Lesões Musculares (CBD) Devido às propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, pode ajudar a aliviar a dor associada a lesões esportivas e de outra natureza, além de melhorar o sono e reduzir o estresse, fatores que contribuem na recuperação muscular.
4. Distúrbios do sono e outras condições
- Insônia (THC e CBD): Pode regular o ciclo do sono, oferecendo um efeito sedativo natural em algumas formulações, e reduzindo a ansiedade que prejudica o descanso.
- Glaucoma (THC) A redução da pressão intraocular ocorre em determinados casos graças à interação dos canabinoides com receptores no globo ocular, podendo momentaneamente ajudar na saúde dos olhos.
O que é Cannabis Medicinal?
A cannabis medicinal é o uso terapêutico dos compostos extraídos da planta Cannabis sativa para tratar diversas condições de saúde. Essa planta contém mais de 100 substâncias ativas, conhecidas como fitocanabinoides, sendo as mais estudadas:
- CBD (Canabidiol): Não psicoativo, com propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, ansiolíticas e neuroprotetoras.
- THC (Tetra-hidrocanabinol): Psicoativo, com efeitos analgésicos, relaxantes musculares e estimulantes do apetite.
Estes compostos interagem com o sistema endocanabinoide, responsável por equilibrar funções importantes do corpo, como o sono, o apetite, o humor, a dor e a memória.
O CBD, em especial, tem chamado atenção por suas propriedades ansiolíticas, antipsicóticas e neuroprotetoras — sem provocar os efeitos psicoativos associados ao THC. Por ter um perfil de segurança elevado e baixa toxicidade, o canabidiol vem sendo investigado como uma opção terapêutica promissora em casos de ansiedade, epilepsia, insônia e dor crônica.
Como a Cannabis age no organismo?
Os principais compostos ativos da Cannabis — o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) — atuam como neuromoduladores, interagindo com receptores presentes em diferentes partes do corpo, especialmente no sistema nervoso central.
Esses receptores fazem parte do chamado sistema endocanabinoide, um sistema biológico que regula funções essenciais, como humor, sono, apetite, dor, memória e resposta imunológica. Os dois tipos principais de receptores são:
- CB1 – localizados principalmente no cérebro e no sistema nervoso central
- CB2 – encontrados principalmente no sistema imunológico e em órgãos periféricos
O THC se liga diretamente aos receptores CB1, o que explica seus efeitos psicoativos, como euforia, alteração da percepção e relaxamento. Já o CBD tem uma atuação mais indireta: ele modula a atividade desses receptores e influencia outros sistemas, como o serotoninérgico e o dopaminérgico, sem causar os efeitos psicoativos do THC.
Essa atuação combinada faz com que o uso terapêutico da Cannabis possa ajudar em condições neurológicas, psiquiátricas e inflamatórias, sempre de forma individualizada e com acompanhamento profissional.
Quem não pode usar Cannabis?
1. Pessoas com histórico de psicose ou esquizofrenia
O THC pode agravar ou até desencadear sintomas psicóticos, como delírios e alucinações. Para quem tem histórico familiar ou diagnóstico confirmado, o uso de produtos à base de Cannabis — especialmente com THC — não é recomendado.
2. Adolescentes e crianças sem indicação médica específica
O cérebro em desenvolvimento é mais vulnerável aos efeitos da Cannabis, principalmente do THC. O uso recreativo nessa faixa etária pode afetar memória, aprendizado e saúde mental. No caso do uso medicinal (como na epilepsia), deve ser sempre feito com prescrição e acompanhamento especializado.
3. Gestantes e lactantes
Ainda não há dados suficientes sobre a segurança da Cannabis na gravidez e lactação. O THC pode atravessar a placenta e chegar ao bebê por meio do leite materno, com possíveis impactos no desenvolvimento neurológico. Por isso, o uso é contraindicado durante essas fases.
4. Pessoas com doenças cardiovasculares não controladas
O THC pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, o que pode ser perigoso para quem tem problemas cardíacos como arritmias ou hipertensão descompensada.
5. Pacientes em uso de medicamentos com risco de interação
O CBD e o THC podem interagir com outros medicamentos, alterando sua eficácia ou aumentando o risco de efeitos colaterais. Isso é especialmente relevante para quem usa anticoagulantes, anticonvulsivantes, antidepressivos e imunossupressores.
6. Pessoas com alergia a componentes da planta
Embora seja raro, algumas pessoas podem apresentar reações alérgicas à Cannabis ou aos óleos/carregadores usados na formulação.
Quais são os possíveis efeitos colaterais da Cannabis?
O uso da Cannabis pode trazer benefícios, mas também pode causar alguns efeitos colaterais — especialmente dependendo da dose, da frequência e da sensibilidade de cada pessoa. Esses efeitos variam conforme os compostos presentes na planta, principalmente o THC e o CBD.
Efeitos relacionados ao THC (tetrahidrocanabinol)
O THC é o principal responsável pelos efeitos psicoativos da Cannabis Embora possa ter efeitos positivos, como relaxamento e alívio da dor, também pode gerar reações adversas, especialmente quando consumido em doses elevadas ou de forma frequente.
Entre os efeitos mais comuns estão:
- Sensação de euforia ou mudanças no humor
- Alteração na percepção do tempo e do espaço
- Dificuldade de concentração e lapsos de memória de curto prazo
- Ansiedade ou paranoia, principalmente em pessoas mais sensíveis
- Aceleração dos batimentos cardíacos
- Boca seca e olhos avermelhados
- Prejuízo na coordenação motora, afetando reflexos e equilíbrio
Além disso, em indivíduos com predisposição, o THC pode desencadear ou agravar sintomas psicóticos, como delírios e alucinações. Por isso, o uso frequente ou sem supervisão médica deve ser evitado, especialmente por pessoas com histórico de transtornos mentais.
Efeitos relacionados ao CBD (canabidiol)
O CBD é bem tolerado pela maioria das pessoas, mas alguns efeitos colaterais podem ocorrer, especialmente em doses mais altas.
Entre os mais comuns estão a sonolência ou uma leve sensação de sedação, que podem levar ao cansaço. Também podem surgir alterações no apetite, tanto aumento quanto diminuição, além de desconfortos gastrointestinais, como náuseas, diarreia ou dores abdominais.
Outro ponto importante é que o CBD pode interagir com outros medicamentos, principalmente aqueles metabolizados pelo fígado, como anticoagulantes, anticonvulsivantes ou antidepressivos.
Por isso, o acompanhamento médico é fundamental para ajustar a dosagem de forma segura e eficaz, respeitando a individualidade de cada organismo.
Observações Importantes
- Individualidade: Os efeitos da cannabis medicinal podem variar conforme a resposta individual de cada paciente, assim como a dosagem, a forma de administração (óleos, cápsulas, sprays, etc.) e a proporção de canabinoides (THC e CBD).
- Acompanhamento Médico: Sempre consulte um profissional de saúde especializado para adequar o tratamento, avaliar contraindicações e monitorar resultados.
A diversidade de condições que podem ser tratadas com a cannabis medicinal — desde doenças neurológicas e psiquiátricas até distúrbios do sono e dores crônicas — ressalta seu potencial para melhorar a qualidade de vida de inúmeros pacientes.
No entanto, o uso deve ser orientado por profissionais de saúde, assegurando que a administração seja segura e atenda às necessidades individuais.
À medida que as pesquisas avançam e a regulamentação acompanha a prática clínica, a cannabis medicinal se consolida como uma importante aliada no tratamento de diversas condições, proporcionando alívio para sintomas que muitas vezes não respondem bem às terapias convencionais.

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O que é a cannabis medicinal?
A cannabis medicinal refere-se ao uso terapêutico da planta Cannabis sativa e seus componentes, como o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC). Esses compostos apresentam propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, ansiolíticas e neuroprotetoras, auxiliando no tratamento de diversas doenças.
Quais doenças podem ser tratadas com cannabis medicinal?
Entre as principais condições que podem ter benefícios com o uso de cannabis estão epilepsia refratária, esclerose múltipla, mal de Parkinson, Alzheimer, autismo, fibromialgia, artrite reumatoide, depressão, ansiedade e enxaqueca.
Qual a diferença entre CBD (canabidiol) e THC (tetraidrocanabinol)?
O canabidiol (CBD) não é psicoativo e apresenta efeitos ansiolíticos, anti-inflamatórios, analgésicos e neuroprotetores, enquanto o tetraidrocanabinol (THC) tem efeito psicoativo, porém é reconhecido por suas propriedades analgésicas, relaxantes musculares e estimulantes de apetite.
Quais são os possíveis efeitos colaterais do CBD?
O CBD costuma ser bem tolerado, mas pode causar sonolência, leve sedação, alterações no apetite e desconfortos gastrointestinais, como diarreia. Cada pessoa responde de forma diferente, por isso o acompanhamento médico é fundamental.
A cannabis medicinal pode substituir tratamentos convencionais?
Em geral, a cannabis medicinal atua como tratamento complementar, principalmente quando outras terapias não são eficazes. A substituição total de um tratamento convencional deve ser avaliada por um profissional de saúde.
Como obter a prescrição de cannabis medicinal no Brasil?
É necessário passar por um médico que tenha conhecimento sobre cannabis medicinal. Ele avaliará a condição de saúde do paciente, indicará a dosagem e o tipo de produto mais adequado (à base de CBD, THC ou ambos). Em seguida, o paciente poderá adquirir o medicamento em farmácias autorizadas ou, quando necessário, importar produtos conforme as regulamentações da Anvisa.