- A esclerose múltipla ataca a bainha de mielina, provocando fraqueza, fadiga, alterações visuais e emocionais.
- Suas causas são multifatoriais, incluindo genética e fatores ambientais; diagnóstico envolve exame clínico e ressonância magnética.
- Os tratamentos convencionais ajudam a controlar a inflamação e a progressão da doença, mas nem sempre aliviam todos os sintomas e podem causar efeitos colaterais.
- A cannabis medicinal, com CBD e THC, surge como terapia complementar para espasticidade, dor e sono, trazendo benefícios comprovados e melhorando a qualidade de vida.
O que é a esclerose múltipla?
A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica autoimune e crônica. Nesse quadro, o sistema imunológico — que deveria proteger o organismo contra infecções — passa a atacar equivocadamente estruturas saudáveis do sistema nervoso central, como o cérebro, a medula espinhal e os nervos ópticos.
Esse ataque compromete a bainha de mielina, camada que reveste e protege as fibras nervosas, prejudicando a condução dos impulsos elétricos.
Como consequência, a comunicação entre o cérebro e o corpo é afetada, resultando em sintomas como fraqueza muscular, perda de coordenação, alterações visuais e sensoriais.
Quais são as causas da esclerose múltipla?
As causas da esclerose múltipla (EM) ainda não são completamente compreendidas, mas acredita-se que a doença resulte de uma combinação complexa de fatores genéticos, ambientais e imunológicos.
A interação entre esses elementos desencadeia uma resposta autoimune que ataca a mielina — a camada protetora dos neurônios — levando aos sintomas característicos da EM.
1.Fatores ambientais associados à esclerose múltipla
Diversos fatores ambientais estão associados ao desenvolvimento da esclerose múltipla, entre eles:
- Infecções virais e bacterianas: A exposição a certos agentes, como o vírus Epstein-Barr (EBV) e o herpesvírus humano tipo 6 (HHV-6), tem sido relacionada ao aumento do risco. O EBV, por exemplo, é um vírus comum, com o qual a maioria das pessoas entra em contato ainda na infância.
- Baixa exposição a microrganismos na infância: A higienização excessiva e a consequente imaturidade do sistema imunológico são hipóteses que explicam o aumento de doenças autoimunes em populações urbanas.
- Deficiência de vitamina D: Menor exposição solar, especialmente em países distantes da linha do Equador, leva à redução dos níveis de vitamina D no sangue — um fator considerado de risco para a EM.
- Obesidade na infância ou adolescência e tabagismo também estão entre os fatores ambientais que aumentam a suscetibilidade à doença. 2.Fatores genéticos na esclerose múltipla
Embora a esclerose múltipla não seja considerada uma doença hereditária, predisposições genéticas podem aumentar o risco. Genes relacionados à regulação do sistema imunológico, como os do complexo HLA (especialmente HLA-DRB1 e DQB1), estão entre os mais estudados.
No entanto, esses genes, isoladamente, aumentam o risco de forma modesta — geralmente entre 1% e 6% — o que explica a grande variação individual. A presença desses fatores genéticos, quando associada a elementos ambientais, pode desencadear a manifestação da doença.
Quais são os primeiros sintomas da esclerose múltipla?
O início da esclerose múltipla (EM) pode ser discreto e facilmente confundido com outras condições neurológicas. No entanto, reconhecer os primeiros sintomas da esclerose múltipla é essencial para um diagnóstico precoce e um tratamento mais eficaz.
Os sinais variam de pessoa para pessoa, mas alguns sintomas comuns merecem atenção especial:
1.Sintomas físicos iniciais da esclerose múltipla
- Espasticidade: rigidez muscular, dor e contrações involuntárias.
- Alterações sensoriais: sensação de dormência, formigamento, ardência ou coceira em diferentes partes do corpo.
- Problemas visuais: visão turva, perda parcial da visão (geralmente em um dos olhos), ou visão dupla.
- Fadiga intensa: cansaço extremo que não melhora com o repouso.
- Tontura e perda de equilíbrio: dificuldade para caminhar ou manter a postura.
- Sinal de Lhermitte: sensação de choque elétrico que percorre a coluna ao inclinar o pescoço para frente.
- Sensibilidade ao calor: aumento temporário dos sintomas em ambientes quentes ou durante febre. 2.Alterações emocionais e sexuais na esclerose múltipla
Além dos sintomas físicos, a esclerose múltipla pode impactar a saúde emocional e a vida sexual:
- Transtornos emocionais: episódios de depressão, ansiedade, irritabilidade e, em alguns casos, flutuação entre depressão e mania (transtorno bipolar).
- Disfunções sexuais:Nos homens: disfunção erétil e nas mulheres: diminuição da lubrificação vaginal. Em ambos os sexos: comprometimento da sensibilidade da região genital (períneo), o que pode interferir na resposta e no prazer sexual.
Estar atento aos primeiros sinais da esclerose múltipla é fundamental. A identificação precoce da doença permite o início do tratamento antes que ocorram maiores danos ao sistema nervoso central, contribuindo para uma melhor qualidade de vida a longo prazo.
A esclerose múltipla piora com o tempo?
Sim, a esclerose múltipla (EM) pode piorar com o tempo, especialmente se não houver diagnóstico e tratamento adequados. No entanto, a evolução da doença varia muito entre os pacientes.
A forma mais comum é o curso remitente-recorrente, caracterizado por períodos de remissão (quando os sintomas melhoram ou desaparecem) intercalados com surtos de agravamento. Ao longo dos anos, muitos pacientes podem apresentar acúmulo de lesões no sistema nervoso central, o que pode levar a limitações neurológicas permanentes.
Em alguns casos, a doença evolui para uma forma mais progressiva, na qual há piora contínua dos sintomas, mesmo sem surtos evidentes. Essa fase é conhecida como esclerose múltipla secundariamente progressiva.
Apesar dessa possibilidade, a progressão da EM não é igual para todos. Muitos fatores influenciam esse processo, como o tipo de EM, a resposta ao tratamento, o estilo de vida e o início precoce da terapia modificadora da doença.
Como é feito o diagnóstico da Esclerose Múltipla?
Como os sintomas da esclerose múltipla (EM) variam bastante entre os indivíduos e podem se assemelhar aos de outras doenças neurológicas, é comum que o diagnóstico não seja identificado nas fases iniciais.
Atualmente, não existe um marcador específico ou exame único capaz de confirmar a EM de forma definitiva. O diagnóstico é essencialmente clínico, complementado por exames laboratoriais e de imagem — sendo a ressonância magnética o principal recurso utilizado. Esse exame permite visualizar lesões no sistema nervoso central compatíveis com o processo de desmielinização, que caracteriza a doença.
A confirmação diagnóstica baseia-se em critérios clínicos e radiológicos que demonstram a disseminação das lesões no tempo e no espaço — ou seja, lesões localizadas em diferentes regiões do sistema nervoso central e que surgem em momentos distintos.
Quais são os tratamentos convencionais para Esclerose Múltipla?
O tratamento da esclerose múltipla (EM) tem como principais objetivos controlar a atividade inflamatória, reduzir a frequência dos surtos e retardar a progressão da doença. Além disso, o manejo dos sintomas é fundamental para preservar a qualidade de vida dos pacientes.
Os medicamentos utilizados no tratamento da EM visam reduzir os danos ao sistema nervoso central, diminuindo a frequência e intensidade dos surtos e contribuindo para a menor acumulação de incapacidades ao longo do tempo.
O tratamento deve ser sempre individualizado, conforme avaliação do médico neurologista, que levará em conta o tipo da doença, os sintomas apresentados e o perfil clínico do paciente.
As principais classes de medicamentos incluem:
- Imunomoduladores: atuam na regulação do sistema imunológico, reduzindo a atividade inflamatória e a agressão à mielina (substância que reveste os neurônios). Esses medicamentos contribuem para a diminuição da frequência e da intensidade dos surtos, ajudando a preservar a capacidade funcional ao longo dos anos.
- Imunossupressores: reduzem a atividade do sistema imunológico como um todo, sendo indicados principalmente em formas mais agressivas da doença ou quando há falha terapêutica com os imunomoduladores.
- Corticosteróides: utilizados no tratamento de surtos agudos, auxiliam na recuperação mais rápida dos sintomas inflamatórios, embora não tenham impacto direto na progressão da doença a longo prazo.
Além dos fármacos modificadores da doença, é essencial o controle dos sintomas associados à esclerose múltipla, que afetam diretamente a qualidade de vida dos pacientes no dia a dia. Para isso, são utilizadas medicações sintomáticas, indicadas para aliviar manifestações específicas da doença, como fadiga intensa, espasticidade muscular, dor neuropática, além de alterações urinárias e intestinais.
Quais são os desafios dos tratamentos convencionais?
Apesar dos avanços terapêuticos, os tratamentos tradicionais ainda enfrentam desafios importantes. Muitos pacientes relatam efeitos colaterais significativos, como:
- Sintomas semelhantes aos da gripe;
- Alterações hepáticas;
- Distúrbios gastrointestinais;
- Maior suscetibilidade a infecções.
Além disso, nem todos os sintomas respondem de forma satisfatória às terapias disponíveis. Sintomas como dor crônica, rigidez muscular, ansiedade e distúrbios do sono continuam impactando diretamente a qualidade de vida de grande parte dos pacientes.
É nesse contexto que cresce o interesse pela cannabis medicinal como alternativa terapêutica complementar. Estudos indicam que seus compostos ativos — especialmente o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) — podem atuar de forma mais abrangente no alívio de sintomas e na promoção do bem-estar geral dos pacientes com EM.
Como a cannabis pode ajudar pacientes com Esclerose Múltipla?
A cannabis medicinal tem se mostrado uma alternativa promissora no tratamento complementar da esclerose múltipla (EM), especialmente no alívio de sintomas que nem sempre respondem bem às terapias convencionais.
Os principais compostos da planta — o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) — atuam no sistema endocanabinoide, responsável por regular funções como dor, humor, sono, inflamação e controle muscular.
Pesquisas sobre cannabis medicinal no tratamento da esclerose múltipla
Diversos estudos sugerem que os canabinoides podem ajudar a:
- Reduzir a espasticidade muscular: um dos sintomas mais limitantes da EM. Estudos mostram que o THC, em especial, tem se mostrado eficaz na diminuição dos espasmos, contribuindo para maior mobilidade e conforto.
- Aliviar a dor crônica: a dor neuropática, comum em pessoas com EM, é de difícil controle com analgésicos tradicionais. O CBD e o THC têm propriedades analgésicas e anti-inflamatórias que podem atuar diretamente nos receptores envolvidos na dor, proporcionando alívio mais eficaz.
- Melhorar o sono e a qualidade de vida: distúrbios do sono são frequentes entre pacientes com EM. O uso da cannabis, especialmente em formulações equilibradas de CBD e THC, pode favorecer o relaxamento, reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade do sono.
- Reduzir a ansiedade e os sintomas depressivos: o impacto emocional da EM é significativo, e o CBD tem sido estudado por seus efeitos ansiolíticos, podendo atuar como um suporte complementar na saúde mental do paciente.
É importante destacar que o uso da cannabis deve ser orientado por um profissional de saúde, com acompanhamento médico e prescrição individualizada. A escolha da formulação, da dose e da proporção entre CBD e THC varia de acordo com os sintomas a serem tratados e a resposta de cada organismo.
Principais benefícios da cannabis para pacientes com esclerose múltipla
Mais do que apenas aliviar sintomas isolados, a cannabis medicinal pode contribuir de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida de pessoas com esclerose múltipla. Ao reduzir a espasticidade muscular e a dor crônica — dois dos sintomas mais limitantes da doença —, os canabinoides ajudam a restaurar aspectos fundamentais da funcionalidade diária e do bem-estar geral.
Entre os principais benefícios observados, destacam-se:
- Melhora da autonomia e da mobilidade: com menos rigidez muscular e maior controle motor, o paciente ganha mais liberdade para realizar tarefas simples do cotidiano, como caminhar, vestir-se e se locomover sem ajuda constante.
- Redução do uso de medicamentos com efeitos colaterais: em muitos casos, o uso da cannabis permite diminuir a dependência de relaxantes musculares, analgésicos fortes e outras drogas que causam efeitos adversos significativos, como sonolência excessiva, tontura ou desconforto gástrico.
- Favorecimento da participação social e do bem-estar emocional: com menos dor e mais conforto físico, o paciente tende a se sentir mais disposto a participar de atividades sociais, manter vínculos afetivos e retomar rotinas prazerosas.
- Aumento da autoestima e do controle sobre o próprio corpo: sentir-se novamente capaz de movimentar-se com mais liberdade, dormir melhor e viver com menos dor gera um impacto direto na percepção que o paciente tem de si mesmo, reforçando sua confiança e dignidade.
Esses efeitos, somados, transformam a experiência do paciente com EM, oferecendo não apenas alívio físico, mas também suporte emocional e melhora da funcionalidade global.
Principais estudos sobre cannabis medicinal e esclerose múltipla
Diversos estudos científicos destacam os benefícios da cannabis medicinal para pacientes com esclerose múltipla. Entre os mais relevantes, estão:
1. NASEM – The National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine (2017)
Publicação: The Health Effects of Cannabis and Cannabinoids Conclusão: Há evidências substanciais de que a cannabis e os canabinoides são eficazes para o tratamento da dor crônica e espasticidade associada à esclerose múltipla.
2. Zajicek et al. (2003) – CAMS Study
Publicação: British Medical Journal (BMJ) Conclusão: Estudo clínico randomizado que avaliou o uso de extrato de cannabis oral em pacientes com EM. Os resultados indicaram melhora significativa na espasticidade muscular referida pelos participantes.
3. Corey-Bloom et al. (2012)
Publicação: CMAJ (Canadian Medical Association Journal) Conclusão: O uso de cannabis inalada foi associado a uma redução significativa da espasticidade e da dor em pacientes com EM, sem ocorrência de efeitos adversos graves.
Terapias complementares no tratamento da EM
Além das abordagens tradicionais de neurorreabilitação, pacientes com esclerose múltipla (EM) podem se beneficiar significativamente de terapias de apoio e complementares, que contribuem para a melhoria global da qualidade de vida.
As terapias de apoio, como acompanhamento com neurologia, psiquiatria, medicina preventiva e urologia, são fundamentais para o controle dos sintomas e prevenção de complicações.
Já as terapias complementares atuam de forma integrativa, promovendo equilíbrio entre corpo e mente. Elas ajudam o paciente a lidar melhor com os desafios da doença, tanto no aspecto psicológico — reforçando a autoestima, a autoconfiança e a aceitação do diagnóstico — quanto no aspecto físico, aliviando dores, melhorando a flexibilidade, a força muscular e a capacidade de realizar tarefas do dia a dia.
Essas abordagens não substituem os tratamentos convencionais, mas oferecem suporte essencial para o bem-estar e a autonomia do paciente com EM.
Considerações finais
A esclerose múltipla impõe desafios físicos, emocionais e sociais que exigem uma abordagem terapêutica ampla e individualizada. Embora ainda não exista cura, avanços importantes vêm ampliando as possibilidades de tratamento — entre eles, o uso da cannabis medicinal como recurso complementar.
Estudos científicos apontam que os canabinoides, especialmente o CBD e o THC, podem atuar de forma eficaz no controle de sintomas persistentes como espasticidade, dor crônica, distúrbios do sono e ansiedade. Quando utilizados com orientação médica e em formulações adequadas, esses compostos têm o potencial de melhorar a funcionalidade, a autonomia e o bem-estar geral dos pacientes.
Ao ampliar o leque de opções terapêuticas, a cannabis medicinal contribui para que pessoas com esclerose múltipla retomem parte de sua qualidade de vida, promovendo mais conforto, participação social e dignidade no enfrentamento da doença.

Agende sua consulta
Agende sua primeira consulta na Click por apenas R$30 e converse com nossos médicos especialistas hoje mesmo.