- O CBD precisa de ajuste individualizado porque cada organismo metaboliza a substância de maneira diferente, variando a dose conforme peso, condição clínica e sensibilidade.
- Protocolos oficiais só existem para epilepsias refratárias em crianças e adolescentes, começando em 2,5 mg/kg/dia até 25 mg/kg/dia, reforçando o conceito de ajuste gradual.
- Para outras condições, não há dose universal; recomenda-se a estratégia “start low, go slow”, aumentando lentamente até obter alívio dos sintomas sem efeitos indesejados.
- O CBD pode interagir com outras medicações, pois inibe ou estimula enzimas hepáticas, o que exige acompanhamento profissional para evitar complicações.
- Escolher o tipo de extrato (isolado, broad ou full spectrum), a forma de administração e verificar a procedência e rotulagem do produto são etapas essenciais para um tratamento seguro e eficaz.
O canabidiol (CBD) tem ganhado cada vez mais visibilidade graças aos possíveis benefícios terapêuticos que oferece para diferentes condições de saúde. No entanto, definir qual produto de cannabis medicinal utilizar e estabelecer a dosagem correta não é uma tarefa simples, pois cada pessoa possui um metabolismo único, além de variáveis que influenciam diretamente na segurança e na eficácia do tratamento.
Uma dose insuficiente pode não gerar o efeito desejado, enquanto quantidades excessivas podem resultar em efeitos adversos indesejados. Por isso, compreender como dosar corretamente o CBD é fundamental para obter resultados terapêuticos satisfatórios e manter a segurança do paciente.
O que seria a dosagem terapêutica apropriada?
A dosagem terapêutica apropriada é a quantidade de CBD que traz alívio ou melhora dos sintomas pretendidos, sem causar efeitos colaterais significativos. A determinação da dose ideal é influenciada por diversos fatores individuais, tais como:
- Metabolismo e genética: Cada organismo processa e elimina o CBD em velocidades diferentes, o que impacta diretamente na concentração ideal para obter efeitos terapêuticos.
- Peso corporal e composição física: Pessoas com maior peso ou massa corporal podem precisar de doses mais elevadas para alcançar os mesmos resultados de indivíduos mais leves.
- Condição de saúde e sintomas: O tipo de condição a ser tratada (ansiedade, dor crônica, epilepsia, entre outras) pode exigir doses distintas, pois cada problema de saúde responde de forma específica ao CBD.
- Sensibilidade individual: Assim como acontece com outros medicamentos, algumas pessoas são mais sensíveis aos efeitos do canabidiol e podem precisar de uma dosagem menor, ao passo que outras só alcançam a melhora desejada com doses mais altas.
- Interações medicamentosas: O uso simultâneo de outros medicamentos pode influenciar a forma como o CBD é absorvido ou metabolizado, exigindo cautela e orientação médica para evitar efeitos indesejados.
- Forma de administração: Óleo sublingual, cápsulas, alimentos enriquecidos e produtos vaporizados apresentam diferentes velocidades de absorção e biodisponibilidade, afetando a dose necessária.
Em razão dessas variáveis, não existe uma dose padrão que funcione para todos. Esses fatores explicam porque uma mesma dose de um medicamento pode ser eficaz para uma pessoa e ineficaz para outra.
Existe uma recomendação oficial de dose?
A Anvisa não estabelece uma dose ideal universal para todos os usos do canabidiol (CBD). A posologia deve ser ajustada conforme a resposta clínica do paciente, cabendo ao profissional de saúde determinar a dosagem mais adequada com base nas necessidades individuais.
Entretanto, a Resolução CFM 2324/2022, que aprova o uso compassivo do CBD para o tratamento de epilepsias refratárias em crianças e adolescentes, define um protocolo específico de dosagem para esses casos:
- Dose inicial: 2,5 mg/kg/dia, por via oral, dividida em duas doses diárias.
- Ajuste gradual: Aumento de 5 mg/kg/dia a cada sete dias.
- Dose máxima: 25 mg/kg/dia, também dividida em duas doses diárias.
- Objetivo: Determinar a dose ideal ao longo de, no mínimo, cinco semanas de tratamento, garantindo segurança e tolerabilidade.
A posologia do CBD deve ser ajustada conforme o objetivo terapêutico. O protocolo definido pelo CFM é específico para o tratamento da epilepsia refratária em crianças e adolescentes.
Para outras condições, como dor crônica e ansiedade, há uma diretriz única?
Atualmente, não há um protocolo oficial unificado da Anvisa ou do CFM para o uso de cannabis medicinal no tratamento de condições como dor crônica e ansiedade.
No entanto, existem protocolos sugeridos por especialistas que são amplamente utilizados na prática clínica para orientar a dosagem e administração da cannabis medicinal, especialmente no manejo da dor crônica.
Qual a estratégia recomendada por médicos e especialistas no uso terapêutico do CBD?
A abordagem mais segura e eficaz para a dosagem de CBD segue o princípio "start low, go slow" (comece com doses baixas e aumente gradualmente). Essa estratégia permite que o organismo se adapte ao canabidiol, minimizando efeitos adversos e otimizando a resposta terapêutica.
Nesse contexto, três protocolos se destacam: Rotina, Conservador e Rápido. Desenvolvidos a partir de consensos de especialistas, eles visam individualizar o tratamento e garantir maior segurança e eficácia para diferentes perfis de pacientes.
Protocolos de dosagem do CBD:
- Protocolo de Rotina: Recomendado para a maioria dos pacientes.
- Dose inicial: 5 mg de CBD duas vezes ao dia.
- Ajuste: aumento de 10 mg a cada 2-3 dias até atingir 40 mg/dia.
- Se necessário, pode-se adicionar THC, começando com 2,5 mg/dia e aumentando 2,5 mg a cada 2-7 dias até o máximo de 40 mg/dia.
- Protocolo Conservador: Indicado para pacientes mais sensíveis aos canabinoides, como idosos ou aqueles com comorbidades complexas.
- Dose inicial: 5 mg de CBD uma vez ao dia.
- Ajuste: aumento de 5-10 mg a cada 2-3 dias até atingir 40 mg/dia.
- Se necessário, adiciona-se THC, começando com 1 mg/dia e aumentando 1 mg por semana até 40 mg/dia.
- Protocolo Rápido: Adequado para pacientes que necessitam de alívio imediato da dor ou têm experiência prévia com cannabis.
- Dose inicial: 2,5–5 mg de THC e CBD (produto balanceado).
- Ajuste: aumento de 2,5–5 mg de cada canabinoide a cada 2-3 dias até atingir os objetivos terapêuticos ou um máximo de 40 mg/dia de THC.
Depois de identificar a dose ideal, aquela em que ocorre alívio dos sintomas sem efeitos adversos significativos, o uso do CBD deve ser mantido de forma regular. Essa conduta ajuda a preservar a estabilidade do tratamento e a manter os benefícios terapêuticos ao longo do tempo.
O canabidiol interfere no efeito de outros medicamentos?
Sim, o canabidiol (CBD) pode interferir no efeito de outros medicamentos, pois ele é metabolizado principalmente pelo fígado, através do sistema enzimático do citocromo P450 (CYP450). Esse sistema é responsável pelo metabolismo de muitos fármacos, e o CBD pode inibir ou aumentar a atividade dessas enzimas, alterando a forma como outros medicamentos são processados no organismo.
Critérios para a escolha do produto à base de Cannabis
A escolha do produto à base de CBD deve levar em conta diversos fatores que influenciam sua eficácia e segurança. Entre os principais critérios a serem considerados, destacam-se:
1. Tipo de extrato
Os produtos de Cannabis podem conter diferentes composições de canabinoides, o que influencia seus efeitos terapêuticos:
- CBD Isolado: Contém apenas canabidiol (CBD), sem outros compostos da planta. Ideal para quem deseja evitar o THC ou tem maior sensibilidade a outros canabinoides.
- Broad Spectrum (Espectro Amplo): Inclui CBD e outros canabinoides, mas sem THC. Indicado para quem busca os benefícios do efeito comitiva sem risco de psicoatividade.
- Full Spectrum (Espectro Completo): Contém CBD, THC em baixa concentração (até 0,2% no Brasil) e outros canabinoides. Pode ser mais eficaz para dor crônica e distúrbios neurológicos devido à ação combinada dos compostos.
2. Forma farmacêutica
A via de administração do produto afeta a velocidade e a intensidade dos efeitos:
- Óleo sublingual: Uma das mais comuns, absorvida rapidamente pela mucosa oral.
- Cápsulas: Práticas e discretas, mas com absorção um pouco mais lenta.
- Tópicos (cremes, pomadas): Aplicados diretamente sobre a pele para alívio localizado.
- Inalação (vaporização): Efeito mais rápido, porém de menor duração. Pode ser útil em situações de crises agudas.
3. Qualidade e certificações
- Procedência confiável: Dar preferência a empresas com boa reputação e transparência na fabricação.
- Rotulagem clara e precisa: Garantir que informações como dosagem, concentração de CBD, presença de THC e modo de uso estejam destacadas.
Ao considerar esses critérios, torna-se mais fácil escolher um produto à base de cannabis alinhado às necessidades individuais. A consulta com um profissional de saúde especializado é fundamental para orientar essa decisão e garantir um tratamento seguro e eficaz.
Quais as formas farmacêuticas permitidas no Brasil?
De acordo com a Resolução RDC nº 327/2019 da Anvisa, os produtos à base de Cannabis são autorizados exclusivamente para administração pelas vias oral e nasal.
- Via oral: Inclui apresentações como soluções, óleos, cápsulas e comprimidos.
- Via nasal: Abrange formas como sprays e soluções para aplicação intranasal.
Além disso, é importante ressaltar que a manipulação de fórmulas magistrais que contenham derivados ou fitofármacos à base de Cannabis não é permitida no Brasil, devendo-se seguir estritamente as determinações legais no que diz respeito à fabricação e comercialização desses produtos.
Como saber se a dose está funcionando?
Uma maneira prática de avaliar se a dosagem de CBD está sendo eficaz é observar tanto a redução dos sintomas quanto a tolerância do organismo. Se houver melhora significativa na condição clínica, sem efeitos colaterais relevantes, isso sugere que a quantidade administrada pode estar apropriada.
No entanto, caso ocorram reações indesejadas — como sonolência excessiva, tontura ou desconforto digestivo — é provável que a dosagem esteja alta, exigindo redução ou ajuste gradual.
Qual o tempo de resposta esperado?
Não há um prazo exato para que o CBD comece a apresentar efeitos, pois cada organismo reage de forma diferente.
Em alguns casos, podem ser necessárias algumas semanas para que os primeiros benefícios sejam percebidos, enquanto em outros, a melhora pode ocorrer mais rapidamente.
Fatores como metabolismo, condição de saúde e consistência no uso do produto influenciam diretamente no tempo de resposta.
Uso da cannabis medicinal no Brasil
O uso de produtos à base de Cannabis no Brasil é permitido exclusivamente para fins medicinais, mediante prescrição de profissionais habilitados (médicos e, em alguns casos, dentistas), desde que a condição clínica do paciente justifique sua aplicação terapêutica.
A autorização para uso é estritamente pessoal, ou seja, o produto não pode ser compartilhado nem utilizado por terceiros. Para aquisição, seja por compra direta em farmácias ou por importação, é necessária receita médica. No caso de importação, também é exigida autorização prévia da Anvisa.
Quem pode prescrever CBD no Brasil?
A Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998, é a norma sanitária que estabelece a classificação das substâncias controladas no Brasil. Entre os produtos sujeitos a esse controle estão os derivados da Cannabis, cuja prescrição pode ser realizada por médicos de qualquer especialidade ou cirurgiões-dentistas, quando destinados ao uso odontológico.
O uso terapêutico do CBD (canabidiol) é uma alternativa promissora para diversas condições de saúde, mas a escolha do produto e da dose adequada exige uma análise individualizada de cada paciente.
Conforme visto, múltiplos fatores, como metabolismo, peso corporal, condição clínica, sensibilidade individual e possíveis interações medicamentosas, influenciam diretamente na determinação de uma dosagem eficaz e segura.
Atualmente, não existe um protocolo de dose universalmente estabelecido pela Anvisa ou pelo CFM para todas as finalidades; o que se tem são orientações específicas, como no tratamento de epilepsias refratárias em crianças e adolescentes, e protocolos amplamente utilizados na prática clínica que seguem o princípio de começar com doses baixas e aumentar gradualmente .
Importante reforçar que exemplos de diretrizes de dose em pesquisas não substituem orientação médica. A consulta a um profissional de saúde habilitado é fundamental para avaliar os riscos, benefícios e possíveis interações do canabidiol com outros medicamentos, garantindo um acompanhamento adequado e eficaz.



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O que é CBD e por que ele tem ganhado tanto destaque?
O CBD (canabidiol) é um composto extraído da planta Cannabis que vem sendo amplamente estudado por seus potenciais benefícios terapêuticos. Ele não provoca os efeitos psicoativos do THC e tem sido utilizado em condições como epilepsia refratária, dor crônica e ansiedade, destacando-se por seu perfil de segurança e eficácia quando a dosagem de CBD é adequada.
Como saber qual é a dosagem de CBD correta para mim?
Não existe uma dose de CBD universalmente ideal porque cada organismo reage de forma diferente. Fatores como metabolismo, peso, condições de saúde e sensibilidade individual influenciam na determinação da dose. A estratégia “start low, go slow” (comece com doses baixas e aumente gradualmente) é a mais recomendada para ajustar a posologia de forma segura e eficaz.
Por que o “start low, go slow” é importante no tratamento com cannabis medicinal?
Esse método garante que o corpo se adapte ao canabidiol, minimizando efeitos adversos e identificando a menor dose capaz de gerar resultados positivos. Ele é especialmente relevante em protocolos de rotina, conservadores e rápidos, usados por profissionais para personalizar a terapia com CBD de acordo com cada paciente.
Quais são os protocolos mais comuns na prática clínica?
Os protocolos Rotina, Conservador e Rápido são baseados na titulação gradual de dose de CBD (e, quando necessário, THC). Enquanto o protocolo Rotina costuma começar com 5 mg de CBD duas vezes ao dia, o Conservador indica 5 mg ao dia para pessoas mais sensíveis. Já o protocolo Rápido envolve doses iniciais mais altas para quem necessita de alívio imediato da dor ou já tem experiência com produtos de cannabis medicinal.
A Anvisa estabeleceu alguma dose ideal de canabidiol?
A Anvisa não define um protocolo unificado para todas as aplicações terapêuticas do CBD. Há, porém, diretrizes específicas para epilepsia refratária em crianças e adolescentes, conforme a Resolução CFM 2324/2022, que recomenda iniciar com 2,5 mg/kg/dia e ajustar gradualmente até 25 mg/kg/dia ou até se atingir o controle dos sintomas. Em outras condições, cabe ao médico definir a dose mais adequada caso a caso.
Quais cuidados devo ter ao usar CBD junto a outros medicamentos?
O canabidiol pode interferir na metabolização de outros fármacos, pois é processado pelo fígado por meio das enzimas do citocromo P450. Essa interação medicamentosa pode alterar a eficácia ou a eliminação de alguns remédios. Por isso, sempre consulte um profissional de saúde antes de iniciar o tratamento com cannabis medicinal caso você utilize outras medicações.
Que tipo de produto de cannabis devo escolher: isolado, broad spectrum ou full spectrum?
A escolha depende dos objetivos terapêuticos e da sensibilidade individual ao THC e a outros canabinoides.
- CBD isolado: sem THC ou compostos adicionais; geralmente indicado para quem deseja evitar qualquer traço de psicoatividade ou tem maior sensibilidade.
- Broad spectrum: contém vários canabinoides (exceto THC), possibilitando efeito comitiva sem efeitos psicoativos. Full spectrum: inclui canabinoides, terpenos e pequenas quantidades de THC (até 0,2% no Brasil), oferecendo um potencial terapêutico mais amplo em casos de dor crônica e distúrbios neurológicos.
Em quanto tempo o CBD começa a fazer efeito?
O tempo de resposta varia, podendo levar dias ou semanas para que o organismo apresente resultados perceptíveis. Fatores como dose inicial, forma de administração (óleo sublingual, cápsulas, inalação), condição de saúde e regularidade do uso influenciam diretamente na rapidez com que surgem os efeitos benéficos do CBD.