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25/04/2025
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CBDCBD

O uso veterinário do canabidiol (CBD): avanços, segurança e potencial terapêutico

O Canabidiol vem ganhando destaque como uma alternativa terapêutica inovadora na medicina veterinária. Com o avanço das pesquisas científicas e a recente regulamentação no Brasil, o uso do CBD para animais de estimação passou a ser visto como uma opção segura e eficaz no tratamento de dores crônicas, inflamações, epilepsia, distúrbios neurológicos, ansiedade e outras condições clínicas. Este artigo explora o funcionamento do sistema endocanabinoide nos animais, os mecanismos de ação do CBD, suas aplicações terapêuticas mais comuns, orientações sobre dosagem e administração, além da importância da escolha de produtos de qualidade e da prescrição adequada por profissionais qualificados.

Um cão está sendo tratado com óleo de CBD administrado por um tutor através de um conta-gotas.
  • O CBD é usado para tratar dor, inflamação, epilepsia, ansiedade e distúrbios neurológicos em animais. A ação do CBD se dá no sistema endocanabinoide, promovendo equilíbrio sem efeitos psicoativos.
  • A regulamentação no Brasil avançou em 2024, permitindo a prescrição veterinária de produtos à base de cannabis.O uso terapêutico exige dosagem individualizada e monitoramento veterinário constante.
  • A biodisponibilidade do CBD varia conforme a espécie, idade, peso e forma de administração.
  • A qualidade dos produtos é essencial para a eficácia e segurança do tratamento.

O canabidiol (CBD), composto extraído da Cannabis sativa, tem se consolidado como uma alternativa terapêutica promissora — e não apenas na medicina humana. O uso veterinário do CBD vem ganhando espaço, impulsionado por evidências científicas e pela busca de tratamentos mais seguros e eficazes para animais de estimação.

Tutores e profissionais da saúde animal têm recorrido ao CBD no manejo de dores crônicas, inflamações, epilepsia, distúrbios neurológicos, ansiedade e estresse. Esse interesse se deve, em grande parte, à atuação do CBD sobre o sistema endocanabinoide, presente em todos os mamíferos e essencial para a regulação de diversas funções fisiológicas.

No Brasil, esse cenário ganhou impulso em outubro de 2024, com a aprovação de uma medida da Anvisa que permite a regularização de produtos veterinários à base de cannabis. A decisão marca um avanço importante, ampliando as possibilidades terapêuticas com respaldo legal.

Mas, afinal, como o CBD age no organismo animal? Quais são seus benefícios, riscos e formas seguras de uso?

O que é o sistema endocanabinoide e qual sua relevância para a saúde animal?

O sistema endocanabinoide é uma rede complexa de sinalização celular presente no organismo de praticamente todos os mamíferos. Ele desempenha um papel fundamental na manutenção da homeostase, ou seja, no equilíbrio interno necessário para o funcionamento saudável do organismo.

Esse sistema é composto por três elementos principais:

A principal função do sistema endocanabinoide é regular e estabilizar funções essenciais como dor, inflamação, humor, apetite, sono, memória, digestão e resposta imunológica. Em situações de desequilíbrio — como em casos de doença, estresse, lesões ou processos inflamatórios — esse sistema entra em ação para restaurar o funcionamento adequado do organismo.

É justamente por sua capacidade de modular essas funções que o CBD, ao interagir com os receptores do sistema endocanabinoide, tem se mostrado promissor no tratamento de diversas condições clínicas em animais de companhia.

Como o CBD age no organismo dos animais?

O CBD atua no organismo dos animais de forma indireta. Diferente do THC, ele não se liga diretamente aos principais receptores do sistema endocanabinoide (CB1 e CB2), mas modula sua atividade de maneira sutil e eficaz.

Além disso, influencia outras vias bioquímicas importantes, como os canais TRPV1 — relacionados à dor e à inflamação — e os receptores de serotonina, que desempenham papel fundamental na regulação do humor e da ansiedade.

Essa capacidade de promover o equilíbrio interno do organismo sem provocar efeitos psicoativos é justamente o que torna o CBD uma alternativa interessante e segura na medicina veterinária.

Quais são as aplicações terapêuticas mais comuns?

O CBD tem se mostrado uma alternativa promissora no tratamento complementar de diversas condições clínicas em pets. Sua versatilidade e segurança, quando usado sob orientação veterinária, vêm ampliando seu uso na rotina de cuidados com cães, gatos e outros animais.

Abaixo estão algumas das aplicações mais comuns:

1. Dor crônica e inflamações Estudos indicam que o CBD pode ser eficaz na redução da dor em cães com osteoartrite, uma condição frequente em animais idosos. A ação anti-inflamatória do composto contribui para diminuir o desconforto, melhorar a mobilidade e aumentar a qualidade de vida dos pets acometidos por doenças articulares ou musculoesqueléticas.

2. Ansiedade e estresse O canabidiol também vem sendo utilizado para aliviar sintomas de ansiedade e estresse, especialmente em casos de ansiedade de separação, fobia de ruídos intensos (como fogos de artifício e trovões) e comportamentos compulsivos. Por ser uma alternativa natural, o CBD pode substituir ou complementar ansiolíticos convencionais, com menor risco de efeitos colaterais.

3. Convulsões e epilepsia Assim como em humanos, o CBD demonstrou bons resultados na redução da frequência e intensidade de crises convulsivas em cães com epilepsia — inclusive em casos que não respondem adequadamente às medicações tradicionais. Por isso, vem sendo considerado como coadjuvante no tratamento de epilepsia refratária.

4. Distúrbios gastrointestinais Em animais com doenças inflamatórias intestinais (DII), o CBD pode ajudar a modular a resposta inflamatória, aliviar desconfortos abdominais e melhorar o apetite, o trânsito intestinal e o bem-estar geral. Seus efeitos calmantes também podem contribuir para reduzir o impacto do estresse sobre o sistema digestivo.

5. Doenças neurodegenerativas Em pets idosos, especialmente cães com síndrome cognitiva canina — condição semelhante ao Alzheimer em humanos — o CBD tem mostrado potencial neuroprotetor, ajudando a preservar a função cerebral e a retardar o declínio cognitivo.

Essas aplicações clínicas demonstram o potencial terapêutico do CBD como um recurso complementar na medicina veterinária. No entanto, para que os benefícios sejam alcançados de forma segura e eficaz, é fundamental atentar-se à forma de administração, dosagem e acompanhamento profissional adequado. Como cada animal possui características únicas, o uso do canabidiol deve sempre ser individualizado e conduzido com responsabilidade.

Considerações sobre dosagem e administração

Ao considerar o uso do CBD no tratamento de condições como epilepsia, dor crônica ou transtornos de ansiedade em animais de estimação, é imprescindível que o tratamento seja conduzido com cautela e acompanhamento profissional.

A individualidade biológica de cada animal, aliada à diversidade de formulações disponíveis no mercado, exige uma abordagem personalizada e baseada em evidências.

Atualmente, a dosagem ideal de CBD para uso veterinário ainda não está plenamente estabelecida, o que implica variações significativas nas recomendações, dependendo da espécie, porte, idade, condição clínica e sensibilidade individual do animal. Além disso, fatores como o tipo de extrato (isolado, full spectrum ou broad spectrum), a forma de administração (óleo, cápsulas, petiscos, entre outros) e a biodisponibilidade do produto influenciam diretamente a eficácia do tratamento.

Estudos preliminares indicam que doses baixas a moderadas de CBD podem proporcionar benefícios clínicos relevantes, com boa tolerabilidade na maioria dos casos.

No entanto, a resposta terapêutica tende a variar consideravelmente, o que reforça a importância de uma abordagem cautelosa, baseada na titulação gradual da dose — iniciando-se com quantidades mínimas e realizando ajustes progressivos conforme a evolução clínica e a resposta individual do animal.

Fatores que influenciam a resposta ao CBD

A resposta ao CBD pode variar amplamente não apenas entre espécies, mas também entre indivíduos dentro de uma mesma espécie. Fatores como idade, peso, estado geral de saúde, genética e metabolismo influenciam significativamente como o composto é absorvido, processado e eliminado pelo organismo.

Tais variações impactam diretamente a eficácia terapêutica e a duração dos efeitos, exigindo monitoramento constante e ajustes personalizados no tratamento.

Além disso, a forma como o CBD é administrado também desempenha um papel crucial na resposta clínica do animal, influenciando a absorção, a biodisponibilidade e o conforto no uso.

Formas de administração do CBD em animais

O CBD é geralmente administrado por via oral, sendo encontrado em diversas apresentações, como óleos, cápsulas, petiscos (guloseimas) e pastas especialmente formuladas para uso veterinário. A escolha da forma de administração deve considerar tanto a facilidade de aceitação pelo animal quanto a necessidade clínica específica.

Contudo, a absorção do CBD pode ser variável, influenciada por fatores como o jejum, a presença de gordura na alimentação e, especialmente, pela espécie do animal. Estudos indicam que gatos apresentam menor biodisponibilidade oral do canabidiol quando comparados aos cães, o que pode exigir ajustes na formulação ou na dose utilizada para garantir eficácia.

Além disso, a administração tópica ou transdérmica também vem sendo explorada, embora ainda haja necessidade de mais estudos para validar sua eficácia e absorção em diferentes espécies.

De todo modo, a orientação de um médico veterinário é essencial para definir a via mais apropriada, o tipo de produto e o protocolo terapêutico mais seguro e eficaz para cada caso.

A importância da qualidade do produto

A escolha de produtos de canabidiol de alta qualidade é um dos pilares para garantir a eficácia e a segurança do tratamento em animais de estimação. No entanto, a falta de regulamentação rigorosa no setor veterinário ainda representa um desafio significativo. Muitos produtos disponíveis no mercado não passam por testes adequados de pureza e concentração, o que pode comprometer tanto os resultados clínicos quanto a saúde dos animais.

Estudos e análises laboratoriais já identificaram variações substanciais nos níveis de CBD declarados nos rótulos, além da presença de contaminantes como pesticidas, solventes residuais, microrganismos e metais pesados — substâncias que podem ser extremamente prejudiciais, sobretudo para pets com doenças crônicas ou imunossuprimidos.

Dessa forma, é fundamental optar por produtos desenvolvidos especificamente para uso veterinário, preferencialmente com certificação de boas práticas de fabricação (GMP), laudos de análise por laboratórios independentes e total transparência na composição.

Regulamentação no Brasil

Em outubro de 2024, a Portaria SVS/MS nº 344/1998, norma que regula o controle, prescrição e dispensação de substâncias sujeitas a controle especial no Brasil, foi alterada para permitir a prescrição de produtos à base de cannabis por médicos-veterinários. Essa mudança representa um marco regulatório importante para a medicina veterinária brasileira, ampliando as possibilidades terapêuticas com respaldo legal.

Com a nova regulamentação, os profissionais da área passaram a ter autorização para prescrever três categorias de produtos:

Essa decisão contribui para aumentar a segurança jurídica, padronizar a qualidade dos produtos e ampliar o acesso a tratamentos baseados em evidências científicas no campo veterinário.

Ainda assim, trata-se de um mercado em desenvolvimento. Por isso, a atuação ética, técnica e responsável dos profissionais, aliada à escolha criteriosa de produtos, continua sendo essencial para garantir a segurança e o bem-estar dos animais tratados.

Considerações finais

O uso da cannabis na medicina veterinária representa um campo em constante evolução, impulsionado por resultados promissores no tratamento de diversas condições clínicas em animais de companhia. Entre os compostos derivados da planta, o canabidiol (CBD) tem se destacado por sua eficácia e segurança, especialmente por não apresentar efeitos psicoativos, o que amplia seu potencial terapêutico.

Estudos sugerem que o CBD pode atuar como coadjuvante ao tratamento convencional, contribuindo significativamente para a redução da frequência e intensidade das crises epilépticas em cães e gatos, além de favorecer uma melhora global na qualidade de vida dos pacientes. No entanto, para que os benefícios sejam alcançados de forma segura, é indispensável que o tratamento seja prescrito e acompanhado por médicos-veterinários qualificados.

O uso sem acompanhamento técnico, com produtos de procedência duvidosa ou fora das dosagens adequadas, pode comprometer os resultados esperados e colocar em risco a saúde do animal. Por isso, a orientação profissional, aliada à escolha de produtos confiáveis e ao respeito às regulamentações vigentes, é essencial em qualquer protocolo terapêutico que envolva o CBD.

Nesse contexto, o avanço das regulamentações específicas, somado à atuação ética, criteriosa e bem-informada dos profissionais da área, será decisivo para consolidar o uso da cannabis como uma ferramenta terapêutica segura e eficaz no cenário da medicina veterinária contemporânea.

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Click Cannabis: Dúvidas frequentes

O que é o CBD e para que serve na medicina veterinária?

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O canabidiol (CBD) é um composto derivado da Cannabis sativa utilizado para promover o equilíbrio do organismo animal. Na medicina veterinária, o CBD é empregado no tratamento de dores crônicas, inflamações, epilepsia, distúrbios neurológicos, ansiedade, estresse e doenças intestinais em cães, gatos e outros pets.

Como o CBD age no organismo dos animais?

Mais

O CBD interage com o sistema endocanabinoide, ajudando a regular funções essenciais como dor, inflamação, humor e resposta imunológica. Ele não causa efeitos psicoativos e atua de forma indireta nos receptores CB1 e CB2, além de influenciar outros canais bioquímicos importantes.

Quais são os principais benefícios do CBD para pets?

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O CBD pode reduzir dores crônicas, melhorar a mobilidade em casos de osteoartrite, diminuir crises epilépticas, aliviar sintomas de ansiedade e estresse, auxiliar em doenças inflamatórias intestinais e promover proteção neurocognitiva em animais idosos.

O CBD veterinário é seguro para animais de estimação?

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Sim, o CBD é considerado seguro quando administrado corretamente, com produtos de alta qualidade e sob orientação veterinária. A dosagem adequada e o acompanhamento profissional são essenciais para evitar efeitos adversos.

Quais fatores influenciam a resposta dos animais ao CBD?

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A eficácia do CBD pode variar de acordo com a espécie, idade, peso, metabolismo, estado de saúde geral e forma de administração. Gatos, por exemplo, têm menor biodisponibilidade oral do canabidiol do que cães.

Quais são as formas de administrar CBD em animais?

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O CBD pode ser administrado oralmente em forma de óleos, cápsulas, petiscos ou pastas veterinárias. Em alguns casos, também é possível usar aplicações tópicas, embora mais estudos sejam necessários para validar sua eficácia.

Qual a importância de escolher produtos de CBD de qualidade para pets?

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Produtos de baixa qualidade podem conter impurezas ou concentrações inadequadas de CBD, comprometendo o tratamento e colocando a saúde do animal em risco. É fundamental optar por produtos certificados, testados em laboratório e destinados ao uso veterinário.

O uso de CBD para animais é legal no Brasil?

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Sim. Desde outubro de 2024, a Anvisa permite a prescrição de produtos de cannabis para uso veterinário, com respaldo jurídico e regulamentação específica. Médicos-veterinários podem prescrever medicamentos registrados, produtos autorizados e, futuramente, produtos exclusivos para animais.

Posso usar produtos de CBD para humanos em animais?

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Não é recomendado. A diferença de formulação, dosagem e segurança pode comprometer a saúde do animal. Sempre utilize produtos específicos para uso veterinário e com orientação profissional.

Preciso de receita para comprar CBD para uso veterinário?

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Sim. No Brasil, a compra e o uso de produtos veterinários à base de cannabis devem ser feitos mediante prescrição de um médico-veterinário habilitado.

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